quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

para lá

quase cansada, ela deita e fecha os olhos. a claridade homeopática que ainda resta fica estrelada. um suspiro envaziando os pulmões do dia e outra leveza toma conta do seu corpo teso. voa dali. vai para onde o vento permitir. para onde a sinergia levar. e leva uma partezinha de si, embriagada, tonta, para longe.
vai buscar no fundo de algum lugar perdido uma memória que hoje tem saudade.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009



não, ainda não virei casaca!!
fica a homenagem: time de guerreiro.

(fotografia: eu mesma)

domingo





(fotografia: eu mesma)

em sintonia

quem ouve rádio já deve ter ouvido. há na programação diária da MPB fm um quadro de nome - sintonia fina. lá você ouve dicas do que tem de novo, de bom, de in, de up na música do brasil e do mundo. bacana. tem coisas bem boas e coisas nem tão boas assim. vale dar uma fuxicada; o programa tem um site com o arquivo de tudo o que já passou na rádio. entrá lá: www.sintoniafina.com.br

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

falta

faltam imagens. tem pouca ação.
faltam palavras. não tem coração.

de outra

"Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar...

E a minha boca tem uns beijos mudos...
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar..."

florbela espanca

de outro

"Por um olhar, um mundo;
por um sorriso, um céu;
por um beijo... não sei
que te daria eu."

bécquer


terça-feira, 18 de agosto de 2009

moleque

- teimava com a gente e saia correndo atrás de cafifa voada...

sexta-feira, 31 de julho de 2009

... memória sensitiva

falaram de conhaque e eu acho conhaque bacana
quem bebe conhaque tem ar de rei na barriga
eu gosto

quarta-feira, 10 de junho de 2009

efêmero - há segundos era sólido, agora é frágil como um fio de seda
nossos pedaços suspensos no ar
e os meus olhos sem brilho

quarta-feira, 27 de maio de 2009

trecho 5

"enfim indagou: então por que você fez o que fez?
demorei um pouco para responder, mas então as palavras simplesmente saíram. - é a vontade da alma. disse. - não se pode coagir a alma."

... da autobiografia de uma muçulmana que resolveu desafiar o islã.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

fantasia?

vejo e toco ao mesmo tempo...
sinto o cheiro,
mas é tudo fruto da minha imaginação...

ou será recordação?

quarta-feira, 29 de abril de 2009

incidental /ou no elevador 2

ela já estava, encostada a um dos cantos. ele, meia-idade, entrou - olhar de cachaça, sorriso curto constante.

ele: - tá um cheiro bom! - a olhando nos olhos. - o que é isso?! - olhar de curioso, tentando encontrar nela a origem do tal perfume que ele sentia.

ela confusa: cheiro?! que cheiro? não sei... não to usando nada...

ele se aproxima antes de sair apressado: uhm! o seu cheiro é bom!

terça-feira, 14 de abril de 2009

traços

todas as noites derrubo a garrafa com água que coloco no chão ao lado da cama.
sempre que bebo vinho deixo cair uma taça ou pelo menos parte dela...
meus pés, mesmo muito pequenos, tropeçam sozinhos em coisas que encontram pelo caminho...
a maçaneta do meu quarto tem como principal alvo meus braços que ganham manchas roxas invariavelmente...

meus sentimentos... esses são tão estabanados quanto todo meu resto

sábado, 4 de abril de 2009

trecho 4

da que sou fã maior - hilda hilst

"Que te demores, que me persigas
Como alguns perseguem tulipas
Para prover o esquecimento de si.
Que te demores
Cobrindo-me de sumos e de tintas
Na minha noite de fomes.
Reflete-me. Sou teu destino e poente.
Dorme."

sexta-feira, 3 de abril de 2009

trechotrês

"dependo do que eu não entendo..."

terça-feira, 31 de março de 2009

momento

pintou as unhas dos pés de vermelho. não era um hábito e passou a andar insegura. mesmo duvidosa de que seria confortável para si mesma (e confortável aqui quero dizer adequado ao seu caráter), insistiu - amarrou a sandália amarela no tornozelo, e com a bolsa a tiracolo trancou a porta de fora. esperou impaciente, como sempre, o elevador. entrou. sua intenção era chegar à garagem no subsolo e ao contrário ele foi acionado no décimo andar. franziu a testa chateada - está aí uma coisa desagradável. esperou. o rapaz que abriu a porta no décimo entrou com um boa noite entre lábios, tristonho, e não a olhou nos olhos. ela o observou por uns instantes; aquele olhar abatido buscando nas paredes do cúbiculo onde se fixar. parece que o chão é o lugar mais seguro nesses momentos, ele não queria contato. ela continuou o observando curiosa e percebeu que os olhos dele pararam em seus pés, e que agora daqueles lábios serrados se abria um sorriso. unhas vermelhas - ela lembrou e desviou o rosto envergonhada. um até logo de despedida quando ele desceu no térreo e dessa vez de cabeça erguida e bochechas mais coradas, ela respondeu contagiada e a porta se fechou, no espelho a menina era brilho.

sábado, 28 de março de 2009

um dia dois dias três

exausta deito na cama e fecho os olhos.
passam imagens no fundo escuro, flashes dos dias, dois... três... quatro atrás
exausta suspiro, abro os olhos,
a luminária acima da minha cabeça me cega.
passo um tempo assim, olhando a luz, cega, que produz imagens manchadas. borrões.
foram meus dias atrás, dois... três... quatro
circunspectos, cínicos, afogados, ofegantes
nódoas de tempo corrido, misto de cheio e vazio...
de alegre e triste, almas acessíveis e trancadas.
exausta me deixo embrigar de luz
sorrio
vou dormir.

sexta-feira, 27 de março de 2009

blos.som


(fotografia: eu mesma)

quinta-feira, 12 de março de 2009

rimas bacanérrimas sacaninhas

me deixe em paz que eu não quero mais sofrer
venha de coração e sem dizer não eu vou ceder
porque eu sou fraca mesmo e feita de querer
então é só insistir dizer o que quero ouvir e vai (me)ter
o que mete medo vai embora mais cedo e deixa viver
porque eu quero mais é ... ... ... .... viver
se você já nem sabe mais o que fazer
o problema é seu só seu e eu quero mais é que vá se...

tinto seco

mancha a boca e exige a garrafa de água ao lado da cama para sanar a sede da noite
sede pós alcool
sede tola

antes fora antídoto de felicidade, sorriso rubro
gargalhadas e palavras confusas
carinhos desmedidos

empurrados pela sede de antes, de corações atrelados por... nada
sede pré alcool
sede ansiada

mas... o que é de matar é de fazer viver!

sábado, 7 de março de 2009

trecho 2 - da saudade

abri o livro na página que dizia: "Eu conheço diversas formas de definir saudades. Há pessoas que afirmam: saudade é um bichinho que rói, outras dizem que ela mata a gente. O meu amigo Glênio Peres, por exemplo, em uma belíssima composição de sua autoria, diz que a saudade é saudade mesmo. Eu já digo de forma diferente: saudade é vontade de ver de novo."

"Saudade é vontade de ver de novo", agora eu plagio. vontade de ver e de mais tantos quantos forem os verbos que combinarem com a dobradinha: vontade de novo.

simples assim!

para não ficar orfã a citação: o livro, Foi Assim, é uma coletânea de crônicas do Lupicínio Rodrigues contando as histórias das suas músicas, como define o editor.

terça-feira, 3 de março de 2009

silhueta

sugestiva essa silhueta.
sugestiva de pensamentos ansiosos, ávidos -
querem tocar, mas é delicada e furtiva - já foi.

indecisa silhueta.
oscilando com o vento, tempo...
influenciada pela lua, nua, foi.

silhueta imprecisa.
redundante.
insana, deslumbrada,
docilmente ofuscante,
amante.

é sinuosa tal silhueta
de curvos traços, reticências tantas

... iluminada
vista turva provoca silhueta
e o resto é alegoria.



(fotografia: eu mesma)

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

sem uma gota de passiflora

três da manhã e meu corpo já não resiste à luta contra o frio e a vontade, natural, de... fazer xixi. me levanto, derrotada... um cobertor no alto do armário e um pulo ao banheiro tateando, tentando manter os olhos cerrados, embriagados de sono.
pronto. confortável agora.
três e cinco e os olhos estão pregados, o cobertor tem um abraço quente, mas a cabeça começa a se inquietar, pensamentos querendo saltitar, dar mãos às idéias e acordar todos à volta! querem papel, me empurram palavras e imagens, palavras e imagens, palavras, insistentes. preguiça de levantar. – é brabo, não vai escrever? depois sumimos, e aí?! – ta gostoso aqui. eles não param, peço que se aquietem, em vão, insisto... não me ouvem. – está escuro ainda, não vale à pena, vamos dormir...
nada...
o pé agora se sacode compassado. corpo vira pra lá, vira pra cá enroscando os lençóis. cabeça e pé acordados, todo o resto implora para que sosseguem.
um olhar de canto para a luz do dia nascendo na fresta da cortina. desespero. na peleja por uma horinha de sono e sonhos bons, enfio a cabeça debaixo do travesseiro abafando a luz lá de fora, resoluta.
respiro, medito. – por favor. quase imploro: aquietem-se. (será que com as novas regras isso continua a ser escrito assim?)
não funciona... seis e quarenta.
levanto, corpo sonolento, a procura da caderneta azul que me ampara nas noites insones. não acho o lápis, dormindo está, com certeza... vamos, companheiro acorde. vamos me ajude.
é gostoso esse barulhinho de lápis no papel...
mas agora o dia passa arrastado, horas lentas, olhos fundos e longe...
é preciso renovar o estoque das gotinhas.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

efeitos

falta de ar
taquicardia
confusão

olhar
empatia
inquietação

e tem cheiro a sensação
mas (me) falta pulmão